quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Muito além do peso


O documentário "Muito além do peso" dirigido por Estela Renner retrata a situação da obesidade infantil no Brasil e no mundo. Este documentário pode ser útil nas aulas de sociologia pois ele toca numa vasta gama de relações que estão envolvidas com o ato de comer, como a estrutura das relações familiares, relações de trabalho, regime de produção e distribuição de bens de consumo, propaganda, e etc.
Ao invés de recorrer a explicações simplistas e apontar os "grandes vilões da história" o documentário explora a complexidade das relações sociais que se desenvolvem e se reconfiguram ao redor da mesa 


É possível fazer o download do documentário no site http://www.muitoalemdopeso.com.br/ , ou assisti-lo no youtube:


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tempos Modernos



                O filme Tempos Modernos de Charles Chaplin não só é um clássico do cinema como aborda temas pertinentes à sociologia desde seu início até os dias atuais. As mudanças que vinham ocorrendo nas sociedades ocidentais desde o fim da idade média se intensificaram de forma brutal com o advento da industrialização, novas relações de trabalho foram introduzidas, de forma que os trabalhadores que outrora tinham o domínio de seus meios de produção, ou seja, que decidiam seu tempo de trabalho de acordo com suas necessidades,  realizavam a produção de forma artesanal e controlavam o processo produtivo quase completamente  passaram a trabalhar em linhas de produção fabril com horários estritamente regulados e de forma altamente especializada.
                Estes novos trabalhadores não mais detinham os meios de produção, o trabalho empregado na produção das mercadorias não corresponde os seus ganhos, o regime de trabalho sofreu uma transformação e os trabalhadores passaram da condição de produtores para a condição de “vendedores” de sua mão de obra.
                Nesta nova sociedade se deflagra um processo de migração do campo para as cidades, que se tornam muito populosas, que, por conseguinte necessitam de uma série de novas instituições para sua organização - nas quais grande parte dos estudos sociológicos se concentraram – como as prisões, hospitais, manicômios, escolas e etc., vale a pena lembrar que no filme em questão o atrapalhado protagonista, incapaz de se adequar ao trabalho na fábrica é enviado ao hospital psiquiátrico e é preso mais do que uma vez. Segundo alguns autores, o objetivo de instituições como as escolas, hospitais psiquiátricos e hospitais nesse período seria o de adequar os corpos para que eles se tornassem dóceis e sadios para a manutenção da sociedade.
                Mas o processo de mudança social empreendido na modernidade não aconteceu sem gerar processos de resistência por parte dos setores explorados da sociedade, o desemprego, pobreza e exclusão social gerados pelo processo de expansão capitalista recebeu a resistência de movimentos operários, feministas, comunistas e etc. o que mostra que a sociedade moderna, assim como qualquer outra não é algo estático, pronto, definido, e sim um processo dinâmico no qual as ações tanto de indivíduos como coletivos podem alterar a estrutura das relações de trabalho e poder.


Filme disponível no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=EGSY3FsOJn0



Para saber um pouco mais:

Para quem se interessar sobre as relações de trabalho e especialmente sobre a exploração de trabalhadores no Brasil, o blogueiro/jornalista Leonardo Sakamoto é uma boa fonte de informação e opiniões: 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Edifício Master

Um dos temas mais centrais para as ciências sociais é o da diversidade. Diversidade, esta, que encontramos nas mais variadas manifestações culturais ao redor do mundo e que, atualmente, são amplificadas e descobertas por cada vez mais pessoas devido aos meios de comunicação, em especial, a internet.
Nós, brasileiros, temos a diversidade como uma espécie de plataforma da qual construímos nossa cultura, num amálgama multiforme de credos, cores e artes, que vieram de vários lugares para germinar em nossa terra essa infinidade de manifestações culturais que aqui temos.
A diversidade não existe apenas no âmbito das manifestações coletivas e de seus aspectos mais gerais, mas é ainda mais intensa a medida em que se aproxima das pessoas, vista de um olhar mais intimista. Um dos exemplos mais clássicos da sociologia vista de um olhar mais individualista e menos totalitário é o trabalho do sociólogo estadunidense Erving Goffman. Goffman é considerado um dos principais pensadores do interacionismo simbólico – escola sociológica que buscou analisar as interações sociais entre indivíduos para entender como esse processo é definidor na construção das identidades pessoais e coletivas. Um dos principais estudos dessa escola estão focados na imagem que possui um sujeito social, vista do seu ângulo pessoal e segundo a percepção dos outros em relação a ele, e como essa imagem influência diretamente a integridade psicológica desse indivíduo e suas relações com a sociedade. Desta perspectiva, começou a tomar um corpo mais concreto o estudo dos comportamentos desviantes, dos estigmas e das identidades sociais dentro da sociologia, influenciando inúmeros pensadores, como o antropólogo carioca Gilberto Velho. Gilberto Velho é considerado um dos maiores estudiosos da antropologia urbana no Brasil, tendo se debruçado sobre variados temas e problemas da cidade, como a violência, as relações interpessoais, religião e muitos outros. Um de seus principais trabalhos é sua tese de mestrado “A Utopia Urbana” de 1970, na qual ele extrai do prédio onde morava o substrato de seu trabalho – buscar entender a relação do espaço urbano – no caso, um prédio com centenas de pessoas em Copacabana – com a construção das identidades sociais daquelas pessoas, em interação com os demais, com o lugar e o significado que ele carrega. De alguma forma, entender o que significava ser morador de Copacabana, morando no gigantesco edifício Master. Construído em meio a zona nobre do Rio de Janeiro, o Master destôa dos chiques padrões de Copacabana, sendo um gigantesco prédio onde moram cerca de 500 pessoas, em sua maioria das classes média-baixa.
Tendo como material o mesmo prédio utilizado na pesquisa de Gilberto Velho, trinta anos depois, e também partindo de uma ótica microsociológica, Eduardo Coutinho produziu em 2002 o documentário “Edifício Master”, trazendo à tela relatos surpreendentes sobre a vida de pessoas completamente diferentes que compartilham de um mesmo prédio, numa cidade que abriga como poucas a diversidade humana dentro do Brasil. Reconhecido por sua estética crua ao documentar a realidade, Coutinho traz, de forma ao mesmo tempo íntima e direta, discursos extraídos dos personagens reais que vivem no Edificio Master, trazendo à tona reflexões de como se dão as interações humanas nos espaços urbanos, e da forma como as pessoas se enxergam dentro de seus contextos sociais.

Abaixo, o link para baixar o torrent do documentário (ainda não sabe como baixar arquivos torrent? clique aqui):

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Surplus - Terrorized into being consumers

Nosso primeiro filme postado aqui no blog é o "Surplus - Terrorized into being consumers". Deste documentário, podemos extrair diversas críticas e reflexões a respeito do nosso modo de vida e de consumo, da perspectiva de um sistema capitalista e de uma nação socialista - que, mesmo subvertendo a lógica do capital, sofre as enormes consequências de meio século de embargos econômicos.

Vivemos em uma sociedade na qual os padrões, valores e culturas estão cada vez mais incorporados a ideologia dominante, a ideologia do capital. Todos os meios de comunicação nos incitam a consumir, e têm a necessidade constante de criar novos padrões de consumo e novas formas de persuadir as pessoas a acreditarem que são realmente livres. As sociedades de consumo, em seu desenfreado crescimento e em sua inconseqüente expansão, destruíram grande parte dos recursos naturais dispostos no mundo. Poluíram os mares, os rios, o ar, as matas e toda a atmosfera em função de sua incessante necessidade de expandir seu mercado, criando novos produtos e novos consumidores. Não só poluiu o meio ambiente, mas também as mentes das pessoas, cada vez mais alienadas e “aterrorizadas” a consumir. As grandes potências econômicas e ideológicas tentam impor às sociedades subdesenvolvidas e a elas dependentes seu padrão insustentável de consumo, explorando predatória e inconseqüentemente a natureza e a população. Esses estados imperialistas tentam imprimir em seus discursos ideológicos a idéia de liberdade em suas sociedades ditas democráticas; gabam-se de seu avanço tecnológico, mas não se preocupam com o real desenvolvimento social; dizem-se democráticos, mas coagem e constrangem as pessoas a aceitarem seus valores e padrões consumistas; julgam-se justos, mas sustentam sua economia através de sangrentas guerras e explorações. Eis que surge uma pergunta essencial: que liberdade nós temos em uma sociedade capitalista? É dessa incoerente sociedade de consumo que se trata o documentário sueco “Surplus – terrorized into being consumers” de Eric Gandini, lançado em 2003.

Abaixo, o documentário no youtube, na íntegra e legendado.
 
Para quem preferir ter o arquivo no computador, em melhor resolução, segue o arquivo torrent para baixar: Surplus - Torrent legendado   ou   Surplus - sem legendas. Ainda não sabe como baixar arquivos Torrent? Aprenda passo a passo, aqui.
Nossa indicação de leitura para complementar esse filme, feito há quase uma década, é o texto chamado O imperialismo e a crise mundial, lançado dia 2 de maio no portal http://www.diarioliberdade.org/, um ótimo site de noticias e artigos produzidos/traduzidos para o português. Neste texto, o autor trata do problema do imperialismo estadunidense, suas táticas de guerra modernas e sua relação com as crises na europa e no oriente médio.
Boa reflexão!



Sociologia na Tela



É com muito orgulho que iniciamos as nossas atividades aqui no Sociologia na Tela!
Este blog, mantido pelo PIBID de Sociologia da UFMG, será atualizado quinzenalmente, e trará uma série de filmes, musicas e textos dos quais pudermos extrair das mais variadas reflexões sociológicas. Como fazemos parte de um programa de iniciação a docência, um dos nossos principais objetivos aqui é disponibilizar materiais que sirvam de base para o desenvolvimento de aulas e discussões no ensino médio, servindo tanto para os professores quanto para os alunos. 
Abaixo, a nossa proposta de blog:


Blog "Sociologia na Tela"

Objetivo:
Construir um blog multimídia no qual os temas da sociologia sejam tratados de forma crítica e desnaturalizadora, a partir de materiais diversificados (filmes, documentários, músicas, poemas etc) que sirvam de arcabouço para discussões enriquecedoras e de bom aproveitamento didático.
O objetivo principal do blog é criar uma plataforma virtual que sirva de base para professores e alunos de sociologia no ensino médio no que se refere a conteúdos audiovisuais. O site irá abrigar principalmente filmes, documentários e clipes que tenham um viés crítico ao tratarem de temas da sociologia, como educação, desigualdade, sexualidade, violência, identidade, alteridade, movimentos sociais, política etc.
Cada postagem do blog – alimentado quinzenalmente – conterá um link para um filme, documentário ou música, acompanhado de uma pequena resenha sobre o vídeo e/ou sobre o tema tratado, podendo incluir referências bibliográficas e a outros materiais referentes à discussão. Além dos vídeos e textos anexos, o blog também abrigará módulos de aula criados pelo PIBID e por alunos dos Laboratórios de Ensino da licenciatura em Sociologia, links de sites relacionados e uma sessão para comentários e sugestões.


Justificativa:

Quando falamos de sociologia no ensino médio, devido a seu frescor de disciplina recém-criada, surgem muitas dúvidas sobre o que tratar e como tratar de assuntos pertinentes à sociologia. Nós do PIBID de Sociologia da UFMG acreditamos que a melhor forma de trabalharmos os assuntos da sociologia na escola não é introjetando textos de clássicos ou manuais de sociologia nos alunos do ensino médio, mas, sim, extrair dos contextos sociais deles o substrato para discutirmos os temas e questões. Não basta apenas aproximarmos a sociologia da conjuntura da escola e da vida dos alunos, mas também temos que procurar formas de germinar discussões a partir de materiais que instiguem os alunos a refletirem e a interessarem-se pela matéria. Portanto, quanto mais contato temos com os alunos do ensino médio, mais percebemos que os materiais que mais atraem os alunos para as discussões não são necessariamente os textos, mas, principalmente, a utilização de recursos não tão usuais nas salas de aula (especialmente nas escolas públicas), como filmes, poesias, peças de teatro e músicas. De forma alguma queremos subestimar a importância dos textos escritos e dos clássicos da sociologia, estamos apenas buscando novas formas de introduzir a sociologia para os estudantes nas escolas, tentando achar a melhor maneira de instigarmos a reflexão sociológica nos alunos. Dessa forma, ao criarmos pontes entre a arte, a sociologia e os contextos sociais dos alunos, buscamos estabelecer uma forma mais humana e menos rígida de tratarmos as ciências sociais no ensino médio, fugindo dos padrões de ensino das ciências em geral na escola, geralmente desvinculadas de seu teor histórico e social, o que tende a criar paradigmas nada positivos no que se refere ao conhecimento e a educação nos colégios e faculdades.